segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Faltam poucos minutos para terminar o dia...

...e assim a vida passa. O hoje que havia amanhecido, lindo, torna-se, a cada segundo, mais uma parcela do passado. Envelheceu. Enquanto eu passava as horas possuído. Envelhecendo... Penso o quanto poderia ter vivido. Penso que poderia, de fato, ter vivido. O mundo tão grande... Eu, diminuído a alguns metros quadrados. Enquadrado em frases prontas, em gestos convencionalizados, em condutas necessárias ao progresso alheio. Leio, mas nada muda. A cada página do livro fico mais convencido racionalmente das dores que sinto. As dores são reais. Sinto-me tão vazio do que sou. Sinto-me esvaziado. Algumas recordações me trazem um eu verdadeiro que existiu em outro tempo. Aquele que eu era se sentia tão bem. Sorria. Acreditava tanto neste que eu sou agora, que a esta hora já deve ter morrido de desgosto. Decepcionado. Talvez seja por isso que não consigo mais sê-lo. Talvez ele esteja já enterrado a sete palmos de vidas que não voltam mais. Não voltam mais... como o dia que era hoje, que havia nascido lindo, cheio de sol, fresco pela brisa que passeava no espaço, mas que a partir de agora, passou, não é mais: foi, foi para a terra dos 'ontens' onde o aquele que eu era jaz, em paz.